Evento acontecerá em dezembro com três dias de programação e forte presença da cultura amazônica
Após 15 anos desde sua última edição, o Festival Varadouro de Música Independente retorna ao cenário cultural com uma promessa clara: reafirmar seu papel como território livre para a música autoral e a arte amazônica. A edição 2025 está marcada para os dias 12, 13 e 14 de dezembro, no Clube Juventus em Rio Branco (AC), e contará com shows, oficinas, batalhas de MCs e uma programação voltada à valorização da cultura produzida na Amazônia e na Pan Amazônia
Com financiamento da Fundação Elias Mansour, Governo do Estado do Acre, PNAB (Política Nacional Aldir Blanc) e Governo Federal, o evento é realizado pela Eita Pau Produções e pelo Comitê Chico Mendes, com apoio da Casa Ninja Amazônia, Abrafin, Som.vc e do Circuito Amazônico de Festivais.
Criado em 2005, o Varadouro nasceu de um intercâmbio cultural entre artistas do Acre e de Rondônia, rapidamente se consolidou como um dos festivais mais importantes da Região Norte, reunindo nomes como Vanguart, Autoramas, Gaby Amarantos, Cordel do Fogo Encantado, BNegão, Macaco Bong e artistas da Bolívia, Peru e Argentina. Mais do que palco, o festival funcionou como plataforma de articulação e circulação da música autoral latino-americana.

Para a produtora cultural Karla Martins, a volta do festival tem um sentido profundo de continuidade e resistência. Ela destaca que “retomar o Festival Varadouro é retomar essa articulação de uma cena autoral acreana que sempre existiu, ela está sempre presente”, é mais do que organizar um evento, é reviver diálogos entre gerações artísticas e fortalecer uma estrutura cultural viva e pulsante no Acre.
Karla lembra que há uma cena musical intergeracional no estado, que se renova constantemente, e que o festival é uma forma de expressar e potencializar isso. “A gente não faz festival de música só para divulgar artista, a gente faz festival de música para articular a cultura. A coisa mais importante é como essas pessoas se articulam, conversam, debatem”.
Ela também ressalta que o Varadouro 2025 é fruto de um esforço coletivo e institucional, viabilizado por meio de políticas públicas e pela dedicação de quem acredita na cultura local. “É uma honra para a gente da Eita Pau Produções junto ao Comitê Chico Mendes, estarmos nesse momento trazendo de volta o Festival Varadouro. Uma emenda de quando o Daniel Zen era deputado também foi essencial”.
A música, para Karla, é elemento estrutural da cultura acreana. E o festival é uma forma de reposicionar os artistas locais no centro do debate cultural. “A música acreana é muito potente, ela tem muito a contribuir. O mundo já não olha mais para o centro. O centro passa a ser onde você está. Quando a gente posiciona os artistas daqui, a gente centrifica o estado do Acre para esse lugar. Nós já começamos isso com o Som do Acre, com a formação recente, conversas com artistas, nós já estamos ganhando”, pontua.

Também envolvido desde a origem do festival, o ex-deputado estadual Daniel Zen recorda como o Varadouro teve papel decisivo na sua trajetória. Ele afirma que foi ali que iniciou sua carreira na vida pública, a partir da gestão de políticas culturais, e que também foi no palco do festival, tocando com a banda Filomedusa, que se entendeu como artista.
“Foi na convivência com as demais pessoas nessa lida da produção cultural e do fazer artístico que me realizei como gente, como indivíduo, enquanto sujeito de um processo que era e é muito maior do que eu”, afirma Zen reforçando a importância do festival para o cenário regional e nacional da música independente.
“Foi por intermédio dele que vários artistas locais ganharam projeção regional e até nacional, em um circuito independente de música. O Varadouro abriu portas pra muita gente”, destaca.
Vale pontuar ainda que a ação também conta com uma emenda destinada por Zen ainda quando deputado estadual.
A expectativa é que a programação e o line-up completo sejam divulgados em breve. Mas o recado da organização é claro: o Acre está de volta ao circuito nacional de festivais, com o mesmo espírito de quando tudo começou: resistência, arte e conexão amazônica.
 
				
