O Acre registrou um crescimento expressivo na diversidade de seus povos indígenas. Dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que o número de etnias reconhecidas no estado passou de 57, em 2010, para 80, um aumento de quase 40% em pouco mais de uma década.
O levantamento revela também que o Acre acompanha a tendência nacional de fortalecimento da identidade e da autodeclaração indígena. Em todo o país, o IBGE identificou 335 povos vivendo em terras indígenas e 373 fora delas, totalizando 708 grupos étnicos — 108 a mais do que no Censo anterior.
De acordo com a gerente de Povos e Comunidades Tradicionais e Grupos Populacionais Específicos do IBGE, Marta Antunes, o aumento se deve, em parte, ao fortalecimento da autoidentificação.
“São pessoas que já se reconheciam como indígenas, mas que, ao longo dos anos, passaram a valorizar esse pertencimento e a se declarar oficialmente. Esse movimento reflete diferentes processos de organização social e de enfrentamento ao racismo, especialmente nas áreas urbanas”, explica Antunes.

Etnias e línguas em expansão
Entre as etnias com maior número de integrantes no Acre estão os Kaxinawá (Huni Kuin), com 13.929 pessoas, seguidos pelos Kulina Madija (2.288) e Yaminawa (2.365). Os Kaxinawá, além de serem o grupo mais numeroso, apresentaram o maior crescimento populacional no período — um salto de 7.567 pessoas em 2010 para 13.929 em 2022, o que representa aumento de 90,4%.
O Censo também revela a ampla diversidade linguística no estado. Em 2010, o IBGE havia identificado 10 línguas indígenas faladas no Acre. Em 2022, esse número subiu para 41, tornando o Acre um dos estados com maior proporção de falantes de línguas originárias: 55,1% da população indígena entre 2 e 19 anos utiliza uma língua tradicional no cotidiano.
No cenário brasileiro, o IBGE contabilizou 295 línguas indígenas faladas em todo o território nacional — um aumento de 21 registros em relação ao Censo anterior. As línguas com mais falantes são a Tikúna (51.978 pessoas), Guarani-Kaiowá (38.658) e Guajajara (29.212). Entre 2010 e 2022, o número de falantes de línguas indígenas dentro das Terras Indígenas cresceu 47%, passando de 293,8 mil para 434 mil pessoas.
 
				
